quarta-feira, 26 de março de 2008

Piercing oral, cuidados a serem tomados

Dra. Cristina Figueira, Higienista Oral
Data: 2006-03-07

O piercing tem origem nos povos antigos há mais de 5000 anos. Estava ligado a rituais espirituais, nas tribos da América do Sul, Índia, Indonésia e África. Espalhou-se pela classe média e aristocracia dos séculos XVIII e XIX. Na Europa, e ao longo do século XX, esta prática foi-se revelando entre os mais jovens como “moda”, tendo sido trazida pelo movimento underground para este século.



Os instrumentos utilizados na aplicação do piercing devem estar devidamente embalados e esterilizados individualmente. Estes instrumentos são a agulha hipodérmica, fórceps ou pinças e o piercing. Este último deverá ser em aço inoxidável cirúrgico, ouro amarelo de catorze quilates, nobium ou titanium, a fim de evitar reacções alérgicas.



Normas para a fase de cicatrização

O período de cicatrização pode variar conforme a zona onde foi colocado o piercing. Em média é de, aproximadamente, catorze dias. Durante este período é normal um edema (inchaço), uma pequena hemorragia, uma situação de desconforto e a formação de placa bacteriana (piercing da língua).


Conselhos

Mastigar ou deixar derreter gelo na boca, escovar o piercing (na língua) com muito cuidado, utilizando uma escova nova e macia, bochechar com água e sal, dormir com a cabeça alta, verificar, cerca de duas vezes ao dia, se o piercing está bem apertado, sempre com as mãos bem lavadas. Deve evitar: tomar ácido acetilsalicílico (devido ao risco de hemorragia), fumar, mastigar pastilhas, beber café ou bebidas alcoólicas, brincar com o piercing de modo a poder evitar traumas dentários.


Riscos e complicações associados ao piercing oral

Os profissionais da área da saúde reconheceram já vários incidentes adversos associados à perfuração das estruturas orais.


Infecção

Um dos maiores riscos associados à colocação do piercing é a infecção que pode ocorrer durante, ou após, a sua colocação. Durante o procedimento, a difusão da infecção pode resultar da utilização de instrumentos que não estão correctamente esterilizados, assim como por o ambiente de trabalho poder estar contaminado.

Os sinais de inflamação da língua, devido ao piercing incluem exsudado amarelo/esverdeado, vermelhidão, tumefacção, dor e /ou hemorragia. Se não for tratada, o paciente pode desenvolver celulite, calafrios, febre e aumento dos gânglios linfáticos. Se estes sinais de infecção sistémica aparecerem, é necessário tratamento médico que inclui terapia antibiótica. Nesta situação, é, no entanto, aconselhável manter o piercing colocado, para permitir a drenagem do exsudado. Os orifícios podem fechar se o piercing for removido, podendo resultar num abcesso.



Hemorragia prolongada

A lesão de vasos sanguíneos na língua pode causar hemorragias graves e prolongadas. Embora este tipo de hemorragia não seja frequente, está relacionado com o facto da língua ser perfurada na zona mediana, local muito próximo das artérias e veias linguais.


Transmissão de doenças

O piercing oral foi identificado pelo Instituto Nacional de Saúde (EUA), como um possível factor de transmissão de dos vários tipos de hepatite, nomeadamente a B e C. A transmissão do vírus HIV também pode ocorrer, mas o risco deste tipo de contágio é menor do que o risco de contágio com HBV, uma vez que o vírus não sobrevive à temperatura ambiente. Existem também alguns casos documentados de transmissão de tétano e tuberculose.

Se as medidas universais de controlo da infecção cruzada forem utilizadas, é possível eliminar estes riscos de transmissão de doenças. Todos o que se dedicam à aplicação de piercings deveriam aderir a estas normas.


Endocardite

O piercing oral representa um potencial risco para a endocardite. Na colocação do piercing, cria-se uma oportunidade para as bactérias orais entrarem em circulação, podendo chegar ao coração. O risco é real para pessoas que sejam de alto risco para a endocardite bacteriana. Infelizmente, muitos dos estúdios de piercing não obtêm qualquer história médica dos seus clientes.

O tema é actual, pois por razões diversas, são inúmeras as pessoas que por motivações diferentes os colocam. Não há nenhum estudo feito em Portugal sobre o uso de piercings que permita quantificar a incidência desta prática na nossa sociedade e as consequências sanitárias que lhe estão associadas.

Foi recentemente publicada uma norma pela “American Association of Pediatric Dentistry”, sobre piercings intra e periorais, na qual esta associação se opõe fortemente à prática destas técnicas devido ao elevado potencial para condições patológicas e sequelas associadas.

Podemos facilmente perceber que os riscos associados a esta prática são enormes e é urgente informar pais, educadores e também os adolescentes que pretendam colocar um piercing. Se a decisão for para a colocação, é importante seguir algumas indicações que passam pela escolha correcta do profissional “piercer” que vai executar a técnica, dos tipos de materiais utilizados, da escolha do local para a colocação e da informação fornecida sobre os cuidados a ter no pós colocação.



Fonte: Jornal do Centro de Saúde

1 comentário:

Jennifer **gatinha** disse...

Pra mim 2 piercings estah muito bom.
Agora se encher de piercing é muito feio ai fika muito exagerado.
os únicos lugares onde eu quero colocar é no nariz e na orelha,nunca eu vo querer colocar em outros luares.
Eu sei que colocar doi mais a dor num é suportável no nariz um belicão fortinhoe na orelha quando um monquito pica nagente essa é a dor...